O fato de o movimento ser próprio do ser humano significa que o indivíduo vai praticar esporte a vida inteira? É evidente que não. Quantas pessoas têm habilidade para a música, a pintura, o teatro, mas não conseguem desenvolvê-las por falta de oportunidades, que deveriam ser oferecidas pela sociedade? O mesmo acontece com o esporte. Este, apesar de fazer parte da vida das pessoas, de ser o oxigênio que pode melhorar a qualidade de vida, prolongar a longevidade e integrar a comunidade, se não houver uma cultura esportiva no meio social em que se vive, jamais será exercido em sua totalidade.
Assim, o esporte terá razão de ser se estiver atrelado à educação. A única justificativa para que seja praticado no ambiente escolar é seu valor educativo. Diversos motivos lhe são atribuídos, que vão além de sua própria capacidade, como se fossem a solução para todas as mazelas. É comum, por exemplo, políticos mencionarem em seus discursos que é bom para tirar as criancinhas das ruas. Esse não é um objetivo. Mas, uma vez que as crianças e os jovens estejam envolvidos, com o esporte na Escola, abre perspectivas, e é um forte componente, seu favor, diante da dura realidade, dos jovens nas comunidades, sobretudo nas mais carentes.
O esporte não é nem bom, nem ruim; é simplesmente o que fazemos dele. Sua implantação nas escolas contribuirá, sem dúvida, para a construção de uma cultura esportiva. Essa sua dimensão, a função educativa, ainda bastante negligenciada no Brasil, não está associada à quebra de limites, a recordes, à superação das próprias forças. Expressa uma atividade que deve ser regular, contínua e dosada do esforço humano, orientada para o movimento corporal, a formação e o desenvolvimento do físico, a manutenção da energia e do entusiasmo, a promoção da saúde e elemento constitutivo do processo civilizador. Conduta, trabalho em equipe, cooperação e amizade são a contraface de seu caráter competitivo.
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